(Esta coelhinha foi copiada do livro "Menina Bonita do Laço de Fita", da Ana Maria machado. É uma ilustração do Claudius e espero que ele não se importe de eu usá-la aqui. Não sei se ainda se encontra este livro, mas é muito bom!)
– Coelhinha da
Páscoa, o que trazes pra mim?
– Um livro, dois livros, três livros assim...
Que tal inovar, nesta Páscoa? Presentear as crianças com
chocolates não significa nada mais do que o óbvio. Além do mais, a quantidade de
açúcar que eles contêm não é nada saudável, nós sabemos (mas preferimos
ignorar).
Há tantos livros legais no mercado, que uma visita à sessão
infantil da livraria mais próxima vai fazer a alegria das crianças da família,
por muito mais tempo do que um simples, calórico, aditivado e banal ovo de
chocolate. E olha que os livros são muito mais em conta. Procure autores como
IvanZigg, André Neves, Roger Melo, Leo Cunha, Bia Bedran, Roseana Murray, Ruth
Rocha, Ana Maria Machado, Stella Maris Rezende, Lígia Bojunga, Angela Lago, Eva Furnari... Nossa!
Tanta gente boa!
Gostou da ideia? Então, só a título de aquecimento, aí vai
uma história para ser lida junto com uma criança. Esta é curtinha e de graça.
Pedro, o Pensador
(Teca Barcellos)
Pedro caminhava sempre atento a alguma coisa e Joca sempre calculando
a distância que ainda faltava para chegar.
– Pedro! Presta
atenção, senão vai tropeçar e cair. E anda pra frente, mais depressa, por
favor.
Os dois voltavam da escola, pela estrada de terra batida.
Joca tinha que acompanhar o irmão mais novo e cuidar dele pelo caminho, senão
era capaz de ele se meter pelo mato e cair no rio, lá adiante.
Nesse dia, o Pedro ia apreciando borboletas. Havia dúzias
delas, como que acabadas de chegar de viagem, passeando de flor em flor, pela
relva da beira da estrada.
A relva era toda florida, mas as flores eram tão pequeninas
que ele nunca havia reparado em sua delicada existência. Eram umas flores roxas,
outras rosadas e até algumas furta-cor. As borboletas pousavam tão leves, que as
flores mal se mexiam sob elas.
– Joca, quem fez as borboletas?
– Foi Deus, Pedro.
Deus fez tudo o que existe.
– E para quê Deus fez
as borboletas?
– Não sei. Isso só perguntando a ele. Vamos, Pedro! Estou
com fome e vamos chegar atrasados pro almoço.
– Acho que Deus fez
as borboletas para enfeitar os caminhos.– argumentou Pedro, quase para si mesmo.
– Eu não acredito que
Deus iria fazer alguma coisa só pra enfeitar. Não faz sentido. – disse Joca.
–As borboletas devem ter alguma utilidade na natureza. Minha professora disse
que tudo tem utilidade na natureza. Deus não iria fazer as borboletas à toa. Vamos
andar mais depressa.
– Mas, Joca, enfeite não é à toa.
– Claro que é, Pedro. Enfeite não serve pra quase nada.
Pedro estranhou aquela idéia do irmão:
– Eu acho que enfeites servem pra a felicidade dos olhos. Eu
fico feliz quando olho pra essas borboletas. Deus deve querer que as pessoas
fiquem felizes e faz esses enfeites no mundo.
– Pode ser, Pedro. Pode ser que seja pra enfeitar.
Os dois seguiram seu caminho, calados. Joca porque estava
com muita fome e isso o deixava impaciente. Pedro porque ia pensando,
imaginando, perguntando e respondendo para si mesmo o porquê das borboletas.
FIM
Por hoje é só. Até breve!